segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Escrevo diante da janela aberta

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

(Mário Quintana)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Refúgio

No meu quarto escuro, imagino o meu mundo perfeito, onde a felicidade é tão fácil...e as pessoas são tão boas...onde o "feliz para sempre" existe...
Mas quando acendo a luz, volto á escuridão da minha vida , onde a crueldade das pessoas me torna cada vez mais triste e sombria.
Queria poder mudar o rumo das coisas, mas me sinto tão fraca e inútil,que volto a me refugiar no meu quarto, onde pelo menos por alguns instantes eu me sentirei pura!

(Suzana Lacerda)

domingo, 2 de novembro de 2008

Suicídio Passional

Quarto escuro, velas espalhadas pelos cantos...
Choro, soluços e lágrimas de sangue escorrendo pelos pulsos...
Chuva lá fora, o telefone toca, mas os ouvidos já estão surdos...
O corpo adormecendo, a vista escurecendo, e no pensamento vendo toda a sua vida passar...
A secretária eletrônica atende, e a voz do outro lado pede insistente o perdão por não ter dito antes as palavras que agora pronunciava sem hesitar...
E diz um: "-eu te amo", e aos prantos desliga o celular...
Mas agora é tarde; o corpo já está falecido e a alma agora vai embora, e fica apenas o cheiro de vela queimada no ar.

(Suzana Lacerda)